segunda-feira, 16 de maio de 2022

Resenha Crítica do Homem-Aranha Sem Volta para Casa - Marvel 2022

 



O novo filme da trilogia do Homem-Aranha em parceria com a Sony e a Marvel Studios já estreou faz tempo, mas apenas agora eu tive tempo de assisti-lo. Este é um blog sobre fantasia, mas o Homem-Aranha é um personagem que faria muito sentido dentro de uma história de fantasia medieval, embora eu não saiba como as pessoas reagiriam com tal personagem numa fantasia tradicional.

O filme estrelando Tom Holland como Homem-Aranha (Peter Parker) e tendo como participações os outros dois Aranhas dos filmes antecessores Tobey Maguire (Primeiro homem-aranha dos filmes de Sam Raimi) e Andrew Garfield, o descolado Peter Parker do Incrível Homem-Aranha foi sucesso de bilheteria e provou-se ser o mais sombrio comparado aos outros dois filmes mais leves da trilogia. Desculpa pelo spoiler, mas eles aparecem no filme, e a essa altura todo mundo já sabe. Todo mundo já sabia antes mesmo do filme estrear. Bem, ao menos as pessoas que seguem notícias dos bastidores dos filmes da Marvel.

Ainda é um filme divertido e cheio de piadas — a marca da Marvel — mas é nítido que existe um pouco de esforço em tornar o cenário mais sombrio e soturno, enquanto os personagens buscavam cada um sua própria redenção. Andrew finalmente pôde salvar a Gwen, mas, na verdade, fez isso salvando a MJ do Peter Parker do universo do Tom Holland.

Tom Holland sentiu a pressão de se firmar como homem, e de não depender mais do Tony Stark, e sim apenas de sua própria inteligência e determinação. Ele busca o filme inteiro consertar seus erros imaturos, e esse desenvolvimento de personagem fica visível na última parte do filme. Já Tobey Maguire faz mais um papel de mentor e sábio, um homem que já havia feito tanto pela vizinhança do seu universo, mas a presença dele foi primordial para que o Peter de Tom conseguisse acreditar em si mesmo.

Sinceramente, o filme começou um pouco sem sentido ou coesão. Na segunda vez que eu assisti e já sabia o que ia acontecer o início pareceu menos bagunçado, mas a primeira vez eu fiquei com a noção de que o filme estava muito caótico e não no sentido bom. Ainda assim, o filme consegue entreter e lhe trazer lembranças dos primeiros três filmes de Sam Raimi de uma maneira até genial, mas sem extrapolar com a nostalgia incessante como o Despertar da Força fez em 2015 (cada segundo era uma cena de nostalgia ou easter egg. J.J. Abrams não é um cara muito original. Deviam chamar o filme de O Despertar da Nostalgia, e não da força).

Sem querer ser chato, mas esse filme sofre um pouco da mesma coisa que o último filme da trilogia de Sam Raimi, embora esse filme seja muito mais organizado que o Homem-Aranha 3 de Tobey Maguire. Muitos personagens, muitas regras que surgem do nada, muito caos sem congruência (mesmo o caos numa história precisa fazer sentido na narrativa, ou do contrário sua história se torna um quebra-cabeça com peças perdidas ou uma história escrita por uma criança de dois anos). 

Isso dificultou a minha imersão na história, mas eu admito que escrever uma história de fantasia que faça sentido é uma dor de cabeça, e às vezes no mundo cinemático o que é legal e maneiro para a juventude é muito mais lucrativo do que o que faz sentido. Isso não tira os méritos do filme, pois todos filmes da Marvel prometem isso: diversão acessível.

Eu nunca ouvi o Kevin Feige ou qualquer artista da Marvel prometendo filmes de grandeza cinemática, apesar de que seria bom ver um filme da Marvel um pouco mais experimental de vez em quando. O Guerra Infinita foi inesperado, mas depois tudo de bom foi apagado no Ultimato. Talvez haja um limite de storytelling para histórias que precisam atingir um público grande para lucrar na produção. Eu não sei, mas os filmes da Marvel ainda são necessários para muita gente, principalmente hoje em dia com tantas adversidades e acontecimentos terríveis ocorrendo ao redor do mundo.

No mundo da fantasia e nostalgia as pessoas se sentem felizes e contentes de novo, e isso alavanca o sucesso do filme. É uma tática um pouco desgastante, porém. Algumas franquias que estão tentando trazer nostalgia não conseguem atingir os mesmos resultados que a Marvel. Talvez a Marvel tenha um carinho maior pelos personagens, um cuidado meticuloso que outros estúdios ainda não souberam exprimir. Mesmo eu não gostando de alguns filmes da Marvel eu devo admitir que eles se esforçam bastante para trazer algo decente, sem falar em quão bons são no marketing. Talvez no fim seja tudo marketing brutal, mas não vou julgá-los. Ninguém sobrevive no mundo da arte sem marketing. Nem mesmo o melhor escritor.

Vamos falar da parte mais visual do filme. Os efeitos especiais do filme não são ruins, mas existem alguns momentos como quando Andrew salva a M.J que você nota uma movimentação estranha. Algumas partes não são bem feitas e parecem uma cutscene de ps4, outras já funcionam um pouquinho melhor. Faltou um refinamento nos efeitos especiais do filme, e um pouco mais de brilho e contraste nas cenas mais escuras, mas o filme usou aquele feito para o storytelling. Nada tão exagerado quando Zack Snyder pelo menos.

No mais o filme Sem Volta para Casa tem um nome que faz sentido. O Peter Parker dependente do Tony Stark não existe mais. Ele vai ter que se virar assim como Tobey Maguire e Andrew tiveram. As responsabilidades mudam um garoto para homem. No entanto, o amigão da vizinhança vai continuar sempre sendo o gentil Peter que quer nada mais do que ajudar seus vizinhos, estudar, namorar meninas com as inciais M.J e relaxar depois de um dia cansativo como um membro da classe-média americana.







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